Thursday, April 07, 2016

Sobre as perdas necessárias

Considero que tive três grandes perdas na vida: duas por morte, pai e mãe, e uma por uma traição que me deixou sem chão. Demorei horrores para me recuperar. Com a morte de minha irmã há um mês, senti que algo estava diferente em mim. Está sendo uma barra tremenda, mas parece uma expressão popular: estar calejado.
É assim que me sinto. Como se as perdas não doessem tanto por estar com o coração endurecido, cheio de calos.
E no fim das contas, cheguei à conclusão que estamos sozinhos no mundo. Estabelecemos nossas relações, mas tudo é transitório.
Gosto de uma frase do filme Memórias de uma gueixa:

 "A dor é uma coisa muito esquisita; ficamos desamparados diante dela. É como uma janela que simplesmente se abre conforme seu próprio capricho. O aposento fica frio, e nada podemos fazer senão tremer. Mas abre-se menos cada vez, e menos ainda. E um dia nos espantamos porque ela se foi."

Sim, ela se vai um dia. Mas então já não somos mais os mesmos. A grande bênção é se ela servir para nos tornar mais fortes, mais humanos. 

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