Friday, July 20, 2007

Cem anos de solidão- Gabriel García Márquez











"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía haveria de recordar aquela tarde remota em que o pai o levou a conhecer o gelo."
"Anos depois, em seu leito de agonia, Aureliano Segundo haveria de se lembrar da chuvosa tarde de junho em que entrou no quarto para conhecer seu primeiro filho."


"O casamento esteve prestes a naufragar aos dois meses de idade, porque Aureliano Segundo, tentando aplacar Petra Cotes, fê-la tirar um retrato vestida de rainha de Madagáscar."

"Choveu durante quatro anos, onze meses e dois dias."


"Úrsula teve de fazer grande esforço para cumprir a promessa de morrer quando estiasse."
"Entretanto, antes de chegar ao verso final já tinha compreendido que não sairia nunca daquele quarto, pois estava previsto que a cidade dos espelhos (ou das miragens) seria arrasada pelo vento e desterrada da memória dos homens no instante em que Aureliano Babilônia acabasse de decifrar os pergaminhos e que tudo o que estava escrito neles era irrepetível desde sempre e por todo o sempre, porque as estirpes condenadas a cem anos de solidão não tinham uma segunda oportunidade sobre a terra."

Memórias de minhas putas tristes-Gabriel García Márquez


"No ano de meus noventa anos quis me dar de presente uma noite de amor louco com uma adolescente virgem. Lembrei de Rosa Cabarcas, a dona de uma casa clandestina que costumava avisar aos seus bons clientes quanto tinha alguma novidade disponível. Nunca sucumbi a essa nem a nenhuma de suas muitas tentações obscenas , mas ela não acreditava na pureza de meus princípios. Também a moral é uma questão de tempo, dizia com um sorriso maligno, você vai ver. Era um pouco mais nova que eu, e não sabia dela fazia tantos anos que podia muito bem estar morta. Mas no primeiro toque reconheci a voz no telefone e disparei sem preâmbulos:

- É hoje."(pag. 1)


"Saí radiante para a rua e pela primeira vez me reconheci no horizonte remoto do meu primeiro século. Minha casa, calada e em ordem às seis e quinze, começava a gozar das cores de uma aurora feliz. Damiana cantava a toda na cozinha, o gato redivivo enroscou a cauda em meus tornozelos e continuou caminhando comigo até a minha mesa de escrever. Estava organizando meus papéis murchos, o tinteiro, a pena de ganso, quando o sol explodiu entre as amendoeiras do parque e o barco fluvial dos correios, atrasado uma semana por causa da seca, entrou bramando no canal do porto. Era enfim a vida real, com meu coração a salvo, e condenado a morrer de bom amor na agonia feliz de qualquer dia depois dos meus cem anos."(pag. 127)

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